sexta-feira, outubro 09, 2015

A sério que percebo

É mesmo complicado não dizer mal de tudo, em Portugal. Fica-se sem tema de conversa de encher chouriços.
A culpa é do moralismo, dizem-me.
Se um gajo não diz mal de tudo, está desatento. Não tem noção do mundo. Não sabe.
Se diz bem de alguma coisa, depois de levar na cabeça pelo atrevimento, descobrirá que afinal pertence a um lobby qualquer, uma conspiração para acabar com o mundo perfeito de outros tempos ou nasceu em berço de prata.
Mas não.
Estudos feitos por cientistas japoneses confirmam que, por exemplo, um tipo pode estar satisfeito relativamente à sua vida e ainda assim ler notícias do Observador voluntariamente, votar no Livre, andar de transportes públicos e usar hospitais privados, andar de Uber e de taxi e outras coisas aparentemente incompatíveis.

Nota-que-não-tem-nada-a-ver: ontem ouvi um senhor qualquer do PSD dizer que não se pode ter um parlamento com uma maioria de esquerda porque "90% dos portugueses não votaram no BE". Eu também não votei no BE, assim como não votei no PSD. Porque é que este tipo de soundbyte manhoso ainda é usado? Estas foram as primeiras eleições em que a internet teve algum peso mediático - e onde vi muitos tiros no pé - e espero continuidade na discussão e no escrutínio:  Vai ouvir-se muita burrice, mas vai ser melhor para todos.

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