domingo, março 17, 2013

Sindroma de Estocolmo à mesa

Quem tenha ido a uma repartição das finanças nos ultimos tempos lembra-se bem de como funciona o pequeno poder. A empregada que está mal disposta e que pode empatar tudo uns meses, o segurança que gosta de ser gestor de tráfego e guarda de fronteiras invisiveis, a controlar como as filas andam, até onde andam, que faz a voz séria a mostrar a gravidade do que é perguntar-lhe as horas ou se a fila é aquela ou aquela ou aquela mas o verdadeiro terror, o fascismo real e tomado por benigno nasce nos tascos.
- Então o que é que vai ser?
- Queria o bife da vazia, bem passado.
- ah, você não vai querer isso.
- ah não?
- Na. Se fosse a si ia no arroz de pato.
- mmm Eu vinha mesmo pelo bife, disseram-me que era bom aqui.
- Vá no que lhe digo que não se arrepende.
- mmm ok, bom, venha lá o bife.
- Vai ver, no fim diz-me se tive razão ou não.
E é neste clima de opressão e medo que se come um prato que não se quer. Sempre tendo em vista qual será o motivo obscuro que levará um empregado dum restaurante a aconselhar-nos a fuga de um prato para o outro. Caiu no chão? é de ontem? é cavalo? Se dissesse que queria o bife na mesma ia sofrer represálias?

O mais estranho é que gostamos disto. Se não fossem estas tretas já tinha emigrado e os que pensam voltar é disto que têm saudades.

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